Oskar Fischinger

 

Como aparições não menos sutis que luzes de um disco voador pousando, os círculos multicoloridos surgem e desaparecem ao som de música clássica. O poema ótico “Kreiser” de Oskar Fischinger é como uma dose de alucinógeno que nos permite ver música e ouvir geometria. Alucinógeno muito mais espetacular, se se pensar que foi criado em meados dos anos 30, utilizando uma técnica rudimentar de stop motion. O mago da animação abstrata fazia manualmente suas peripécias.

O alemão Oskar Fischinger nasceu no dia do solstício de verão. Seus pais comandavam um pub e uma farmácia, que naquela época, era o estabelecimento responsável por revelar fotografias. À medida que crescia, Fischinger tornou-se curioso pelos efeitos psicóticos que o álcool tinha na mente e também nos processos de fotografia. Demorou muito para escolher qual carreira seguir, embora os desenhos sempre o atraíssem. Enveredou pelo caminho de construtor de órgãos e também de engenheiro, profissão na qual formou-se com louvor.

Sua primeira experiência com produção abstrata de vídeos foi com a exibição de um filme de Walter Ruttman, “Opus I”. Encantou-se com a explosão de círculos azuis, a música hipnótica e a capacidade das formas de se transmutarem em outra coisa. Com sua mente analítica e engenhosa, perguntou-se se seria capaz de fazer algo similar de modo mais simples. Nascia então sua “Wax-slicing Machine”, uma máquina que cortava tiras finas de cera ao mesmo tempo que acionava uma câmera, produzindo um frame de animação.

Fischinger mudou-se então para os grandes centros para produzir filmes. Engajou-se em projetos mais comerciais para manter-se, e conseguiu bastante sucesso com os trabalhos inovadores. Retomando seu amor por música, ele começou a juntá-la ao vídeo. Na obra “Spiritual Constructions”, mergulhou de vez no universo de abstração, e recriou um mundo bêbado onde homens viram cachorros que viram cobras e nunca param de se metamorfosear.

Sua inventividade encantou o concretista John Cage e enfureceu o nazismo, o que obrigou à mudar-se para Los Angeles em 1936. Durante esse tempo, aperfeiçoou suas experimentações e envolveu-se também com o trabalho de pintura A genialidade do diretor alemão chamou a atenção de Walt Disney, que o convidou para participar do desenvolvimento do projeto de “Fantasia”. Foi uma grande decepção para Fischinger, que viu seu trabalho sendo delapidado e reduzido. Comprometeu-se à trabalhar para si próprio e sem tantas interferências.

Embora genial, no fim de sua vida, Fischinger não era mais capaz de se sustentar com os vídeos que produzia. Sua inventividade não foi o bastante e após uma série de decepções, optou por seguir apenas a carreira de pintor. Seus quadros eram, no geral, figuras bastante fiéis ao seu apreço por cor e formas geométricas. Faleceu em 1967, deixando para o mundo um legado de concretismo, abstração e cor.

 

 

 

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